When the river flows in you...
20:27Quero ser como tu... [sim, como tu…]
Porque invejo quem és... cada pedacinho teu.
Também gostava que o rio fluísse em mim. [Só desta vez... Apenas uma vez... Assim não necessitaria mais de invejar-te...]
Porque tenho o corpo desprovido de Nada. O Nada flui em mim tal como o rio em ti.
Bebi dessa água do Nada para saber a fórmula do Tudo. Mas o copo estava vazio. Continha apenas umas manchas de esperança. Tentei absorvê-las uma a uma. Em vão. Elas desapareceram. Misteriosamente. [Bolas, já não vou conseguir ser como tu. O rio que brota em ti não quer fluir em mim.]. Mas como sou teimosa, ensaiei um plano mirabolante para “caçá-las”. Com o que tinha à mão. Pedi encarecidamente aos meus ocos mas perspicazes neurónios para imobilizar o copo enquanto as minhas delicadas mãos seguravam na colorida palhinha. Coloquei-a nos lábios e len-ta-men-te aproximei a dita cuja ao copo. Quando estava prestes a sugar o tutano das manchas, apercebi-me que as mesmas continham uma frase gravada. Com estranheza e estupefacção perante os meus olhos li o que estava escrito: “Tu és tu. Não podes ser outra pessoa. Sê o que quiseres, mas sê tu própria!”
A partir daquele irrisório episódio, decidira seguir o conselho das manchas do copo. Do teu copo. E procurei o meu.
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O meu copo começou a ficar menos vazio. E o rio fluiu em mim. [Não o teu. Fica descansado.]
pic by Finding_Neverland
Texto escrito para o Desafio de Junho: Fábrica de Letras
Tema: Estava Vazio
2 comentários
Excelente forma de explorar o tema da Fábrica de Letras deste mês.
ResponderExcluirHá uma força vocabular muito expressiva no transmitir de ideias muito pessoais e filosóficas.
Há também poesia. Gosto também das mudanças gráficas. Dão mais força ao texto, à mensagem.
Parabéns!
Chegado da Fábrica ;)
ResponderExcluirMuito bom o texto; um pouco alucinado, como um Dali lol