Os quases e as incertezas da vida caminham juntos, lado a lado.


‎"Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas hipóteses que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no Outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na moleza dos abraços, na indiferença do "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que a fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência. Porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Para os erros há perdão; para os fracassos, oportunidade; para os amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar a alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfia do destino e acredita em ti. Gasta mais horas realizando que sonhando, fazendo que planeando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."

Luis Fernando Verissimo
 [escritor brasileiro]

Ser relaxado tem destas coisas


Fui ao banco tratar de um assunto e, enquanto esperava que chegasse a minha vez, entra um senhor com ar atrofiado, de andar à Ace Ventura (personagem protagonizada por Jim Carrey em 1995), armado em carapau de corrida. Vira-se para o gerente do banco e lança a seguinte pérola:
"Isso é qu'é vida. É bom estar no ralex!".
Ao que o gerente do banco pergunta: "Ralex?!? Que raio é ralex?!?"

Das duas uma: ou o homem quis dizer relax ou então achou que o gerente estaria com diarreia. Vou pensar na primeira hipótese. ;)



MEC, tiraste-me as palavras do pensamento

"As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar Sim, mas como se faz? Como se esquece? Devagar. É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e acções de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente. É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguem antes de terminar de lembrá-lo. Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma. A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada. É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar. É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução. Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si , isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução. Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa. Nem injecção. Nem remédio. Nem conhecimento certo da doença de que se padece. Muitas vezes só existe a agulha. Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado. O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar. "


Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'

A linha social.




Existe uma linha
... que junta o Eu e o Tu
... ou que separa esta ligação.

... que nos deixa cair...
... ou segura firmemente o nosso corpo.


E é através desta linha 


... que mantemos o contacto
... ou perdemo-nos um do outro com o passar do tempo.



Mas, de uma forma ou de outra, estamos interligados. 

A música que estava escondida no baú...





 Lembro-me de ouvi-la umas quantas vezes, há uns anos. 
Não fixei o seu nome, na altura. 
Nem tão pouco quem a interpretava. 
Reservei a melodia da canção num dos baús da memória. 
Há dias, voltei a ouvi-la e decorei-lhe o nome.
Agora, finalmente, já sei quem és. =)

E é tão verdade. Tão certo.


…as pessoas de quem gostámos e partiram amputam-nos cruelmente de partes vivas nossas, e a sua falta obriga-nos a coxear por dentro. parece que sobrevivemos não aos outros mas a nós mesmos, e observamos o nosso passado como coisa alheia: os episódios dissolvem-se pouco a pouco, as memórias esbatem-se, o que fomos não nos diz respeito, o que somos estreita-se. a amplidão do futuro de outrora resume-se a um presente acanhado. se abrirmos a porta da rua o que se encontra é um muro. no nosso sangue existem mais ausências do que glóbulos. e uma análise à velocidade da sedimentação mostrará tudo em suspenso. proibo que me tirem radiografias para que as árvores de áfrica não apareçam a tremer na película.
António Lobo Antunes

Pensamentos nocturnos de uma mente tresloucada...

E pronto. 
É oficial: o meu estado mental está cada vez pior. Ao contrário do  vinho do Porto (quanto mais velho melhor), ando a ficar toldada das ideias com o passar dos dias.

Ontem à noite, após o ritual do café, coloquei o meu cérebro de peixe a funcionar. Lembrei-me do azeite Gallo. A partir daí, as ideias que vieram foram, de certa forma, estranhas. Fiz questão de anotar o meu raciocínio (que na altura pareceu super lógico). Eis o resultado:


Começo a achar que a publicidade ao azeite Gallo
 é enganosa. 

Senão vejamos: 
diz que o gajo canta desde 1919. 
Ora,
 se esta ave galiforme ainda está viva passados 93 anos, 
como é que conseguiu sobreviver tanto tempo 
e manter-se jovem como se tivesse 5 anos? 



E começo a perceber também 
que este azeite
não é produzido da mesma forma que os restantes. 
Em vez de azeitonas, utilizam... 
bem... é melhor não dizer... xD





[Começo a achar que a ida a um hospital psiquiátrico está para breve.]









Das (re)descobertas gostosas para beber café em casa...

Sempre gostámos de café.
Eu e o Bá.
Esta substância psicoativa tornou-se mais do que um hábito diário nas nossas vidas. Evoluiu para um ritual partilhado a 2. E sabe tão bem. Optámos por comprar uma máquina de café Dolce Gusto, mas ao preço que uma caixa (com 16 cápsulas) chegou (5,29 euros), acabámos por decidir que havíamos de gastar dinheiro nestas caixas somente uma a duas vezes por mês. Não mais do que isso.

Assim, e como alternativa à Dolce Gusto, voltámo-nos para a cafeteira Moka (herdada de uma tia-mãe) que faz um café extraordinário. Oh se faz! Atrevo-me a dizer que esta cafeteira nunca viu a sua vida ser tão bem aproveitada como agora. É que a magana até chia de tanta satisfação por estar a ser usada. ^^,)


[foto do meu arquivo pessoal]



[Daqui por uns tempos terei de adquirir 
uma cafeteira de balão.    
Tenho curiosidade em  conhecer 
o processo  alquimista  
desta  preciosa engenhoca.  
Adoro engenhocas antigas.]

Imagem daqui

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